Em resposta ao nosso leitor Marcelo Lopes e respondendo nossas próprias indagações, nós, as pedagogas na rede do gol, propomos uma reflexão acerca da finalidade econômica que vem assumindo esse esporte na atualidade.
Leiam a matéria a seguir:
Futebol movimenta R$ 1,9 bi no mercado brasileiroO mercado do futebol no Brasil movimentou, em 2009, aproximadamente R$ 1,9 bilhão, segundo levantamento feito pela consultoria Crowe Horwarth RCS. Entre 2003 e 2009, ainda, o crescimento registrado foi superior a 140%.“Nós publicamos projeções que indicavam 1,9 bilhão em 2009 e 2,1 bilhões em 2010″, afirma Amir Somoggi, diretor de esportes da firma. “E é interessante notar que, hoje, sete clubes já têm faturamento superior a cem milhões por ano, algo inexistente em 2003″.Para compreender a ascensão do mercado, é necessário analisar a participação de cada fator nas receitas dos times. Os direitos de transmissão, em 2003, representavam 33%. Até 2008, houve decréscimo para 23%, recuperando-se em 2009 para 28%.A verba arrecadada nas bilheterias, por outro lado, eram responsáveis por apenas 7% em 2003, mas cresceram para 11% em 2008 e fecharam 2009 em 13%. “Os clubes têm trabalhado na diversificação de receitas e têm se tornado menos dependentes da venda de atletas, que sempre sofre altos e baixos todos os anos”, explica Somoggi.Seguindo o raciocínio do diretor, a comercialização de jogadores, curiosamente, decresceu. Em 2003, representava 26% do faturamento total, atingindo 27% em 2008, porém caindo para 19% em 2009. “São sinais da crise econômica”, justifica o especialista. “Os brasileiros deixaram de vender pela falta de poder aquisitivo dos europeus”.
Agora, reflitamos:
Lendo isso, fica claro que o futebol está se tornando um negócio... percebemos nos próprios jogadores pouco amor ao time, à seleção e muito mais interesse por quem paga mais. Os times são verdadeiras empresas e a cartolagem tomou conta do esporte, produzindo fortunas misteriosas. Talvez este seja o cenário de qualquer profissão atualmente, já que vivemos numa economia neoliberal. A competição financeira e a supremacia do lucro tomaram parte de todos os setores e ameaça a beleza de um esporte fantástico e cheio de possibilidades, como já desvendamos anteriormente!
Historicamente, o futebol tem sido utilizado como ferramenta ideológica há muito tempo:
Fonte: http://inverta.org/jornal/edicao-impressa/446/cultura/futebol-copa-do-mundo-corrupcao-e-alienacao"Desde os anos 30, o futebol se transformou numa ferramenta de propaganda política. Hitler e Mussolini promoveram o futebol em seus respectivos países, Alemanha e Itália.
O Tricampeonato Mundial de Futebol de 1970, no México, foi utilizado pela ditadura militar brasileira para distrair o povo, para desviar a atenção do período mais duro da ditadura militar. Enquanto se festejava a conquista do Mundial de 1970, vários patriotas eram presos, torturados, assassinados e muitos continuam, até hoje, desaparecidos.
Em 1978, a Argentina teria que ser campeã de qualquer maneira. A ditadura militar argentina também se utilizou do futebol e do campeonato mundial para distrair o povo, enquanto os carrascos Videla, Galtieri, Massera, Astiz e outros bandidos fardados e civis do regime militar prenderam, sequestraram, mataram e desapareceram com milhares de compatriotas.
Com o futebol, os detentores do poder continuam promovendo espetáculos (pão e circo), dando uma falsa sensação de alegria às vítimas do capital, desviando sua atenção da grave crise econômica mundial, sobre as matanças, sobre o desemprego, sobre a falta de moradia, sobre as guerras imperialistas, sobre a falta de assistência médica, sobre a violência, sobre a corrupção, sobre a destruição da natureza, sobre a fome, sobre a exploração e a opressão."
O que estamos questionando aqui é que a faceta financeira tem suplantado a essência do esporte, que é a competição saudável em torno de um objetivo: ganhar! Mas para isto, jogar um futebol de coração! Além disso, a ética deve estar presente nas relações sociais para que tenhamos um estado mínimo de cidadania e equidade. Se as associações esportivas não possuem fins lucrativas, é correto que alguns poucos lucrem tanto? Embora já exista a Lei Pelé que regulamenta o futebol como um negócio, este não seria um contraponto? Seria correto tratar uma associação esportiva como um negócio? E o pior, sob a exploração da alegria do povo, corrompendo o esporte e uma das formas de lazer mais queridas entre os brasileiros? Será que não haveria um ponto mais justo onde pudesse configurar o futebol um negócio mais ético?
E qual a saída para isso? Parece-nos conveniente pensar na responsabilidade da escola em propor jogos cooperativos, mostrando que o futebol não precisa ser uma competição desleal, mas que pode unir, alegrar, desenvolver potencialidades, pois é um esporte coletivo. Não podemos esquecer nunca de nosso papel como educadores. A co-responsabilidade de formar cidadãos mais conscientes urge mais uma vez!
Também podemos pensar que temos o direito de nos expressar e começar, através dos veículos de troca e informação, como é o caso do blog, por exemplo, a denunciar tais mazelas e tentar nos conscientizar enquanto consumidores, combatendo a corrupção, a violência física, a manipulação de jogos etc.
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